HomeÚltimas Notícias

Impasse entre prefeito e professores deixa alunos sem aulas há 18 dias no interior da Bahia

Docentes tentam acordo para garantir reajuste salarial de baseado no novo piso nacional para a categoria de 33,24% No último dia 27 de janeiro, o G

Sindpoc, Aepeb e Força Sindical se reúnem com o chefe de gabinete do governador Jerônimo Rodrigues
SINDGUARDAS-Bahia realiza entrega de minuta de Plano de Carreira da Guarda Civil Municipal ao Prefeito de Itabuna Augusto Castro

Docentes tentam acordo para garantir reajuste salarial de baseado no novo piso nacional para a categoria de 33,24%

No último dia 27 de janeiro, o Governo Federal anunciou o reajuste de 33,24% no Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica (PSPN) – a maior correção desde o surgimento da Lei do Piso em 2008. Com a mudança, o piso para 2022 será de R$ 3.845,63, beneficiando mais de 1,7 milhão de docentes em todo o país, de acordo com o Ministério da Educação. Mas o que deveria ser motivo de comemoração virou dor de cabeça no município de Sítio do Quinto, no nordeste da Bahia.

Professores municipais estão desde o início do ano tentando um acordo para assegurar a correção salarial da categoria junto à Prefeitura, mas, até esta quinta-feira (31), ainda não obtiveram sucesso e tomaram a decisão de deflagrar greve. [Veja abaixo]

Tudo começou no dia 28 de janeiro, conta o professor Evando Santos, que também é presidente do Sindicato dos Servidores públicos municipais Sítio do Quinto (Sinserpub). Ele relata que o pagamento no mês realizado pela Prefeitura foi abaixo do novo piso. Já no dia 31, os professores se reuniram em uma assembleia geral para discutir formas de mobilizar a categoria e cobrar o reajuste salarial ao prefeito Jair Santos (PSD).

Apesar da iniciativa, os professores seguiram sem resposta e chegaram a ocupar o espaço da Prefeitura no dia 14 de fevereiro para buscar uma solução junto ao prefeito Jair Santos, que havia sido convidado a um encontro com a categoria por meio de um ofício. A ocupação, no entanto, não surtiu efeito e o prefeito sequer compareceu ao prédio.

Arquivo Pessoal/ Evando Santos

Arquivo Pessoal/ Evando Santos

Arquivo Pessoal/ Evando Santos

“O sindicato tem requerido um posicionamento da administração pública com base nos princípios legais, tanto da constituição, como da lei orgânica do município. O prefeito tem descumprindo o princípio da legalidade, da publicidade e da impessoalidade, suas atitudes tem sido de ditador perante a classe e a Entidade Sindical”,  escreveu o Sinserpub à época.

Evando Santos conta que outras tentativas de negociação foram iniciadas, mas houve sempre relutância por parte do prefeito. Quando finalmente aceitou se reunir com a categoria, ele chegou a apresentar uma proposta de reajuste de apenas 15% do piso salarial, somente para os professores de níveis II, III e IV, e em setembro seria discutido os 18,24% restantes. Na proposta, os profissionais de nível I – professores de educação básica I que cuidam da alfabetização – receberiam o porcentual integralmente.

“Após sua explanação, foi aberto ao debate, porém, antes que os professores juntamente com o Sindicato apresentassem a sua contraproposta o gestor se retirou do local, não ouvindo a classe e deixando-a sem pronunciamento”, afirmou o sindicato.

Em caráter de urgência, o prefeito apresentou o projeto de lei que concede o reajuste de 15% na Câmara Municipal e a matéria foi aprovada, a contragosto dos professores. A intenção do prefeito é voltar a negociar e avaliar possibilidades em junho deste ano para cumprir o percentual de mais 5% ou 10%, uma vez que a entidade constatou recursos suficientes para arcar com o reajuste integral dos professores.

O presidente do Sinserpub comentou que a entidade ainda tentou negociar um reajuste inicial de 20% e a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) por parte do prefeito que assegurasse o pagamento integral até 31 de dezembro, mas a proposta foi recusada. Com a falta de acordo, o sindicato decidiu deflagrar greve no último 8 de março e paralisou todas as atividades de aula.

Nesta quinta (31), a greve continua, o que significa que os alunos de Sítio do Quinto já perderam 18 dias letivos e, ainda assim, não há sinais que a situação deva mudar por agora, indica o professor Evando Santos. Cerca de 80 professores municipais que aderiram ao movimento. Eles cumprem 35% das atividades docentes, que compreende à jornada de trabalho para além da sala de aula.

Após a greve, o prefeito entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA) para declara-la como ilegal. Mas o processo foi arquivado, entrou ainda com agravo regimental e aguarda deferimento da desembargadora Maria de Fátima Silva Carvalho.

Enquanto esse impasse perdura, os alunos seguem em casa e os pais preocupados com o retorno das aulas. Mas o sindicato assegura: “A data final (da greve) ficará a cargo do prefeito. Frisa-se, que a entidade sindical e classe estar à disposição para futuras negociações.”

O CORREIO tentou contato tanto com a prefeitura de Sítio do Quinto, quanto com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, mas não recebeu retorno até o momento da publicação desta reportagem.

Rixa antiga
O sindicalista Evando Santos conta que há anos os professores lidam com problemas referentes ao prefeito Jair Santos. O gestor assumiu o cargo em 2017 e foi reeleito nas eleições municipais de 2020. Em seus anos de mandato, o prefeito entrou em outras discussões com os docentes, em 2018 uma greve chegou a ser deflagrada no município, também relacionada ao piso salarial. O que, segundo Evando, só reforça que o político não apresentará indicativos de que na situação atual será resolvida com facilidade.

O piso nacional da categoria é o valor mínimo que deve ser pago aos professores do magistério público da educação básica, em início de carreira, para a jornada de no máximo 40 horas semanais. A Lei 11.738 de 2008, que institui o piso, estabelece que os reajustes devem ocorrer a cada ano, em janeiro.

01 de Abril de 2022
Fonte: www.correio24horas.com.br

COMMENTS

WORDPRESS: 0
DISQUS: 0