No contexto da crise atual, se cada empregado sofresse uma redução de horário e, proporcionalmente, de salário, o país teria menos desemprego e os trabalhadores ganhariam tempo para o lazer e família. O repto é lançado por Jon C. Messenger e Naj Ghosheh , autores do livro Work sharing during the Great Recession, uma obra publicada pelo Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Francisco van Zeller, empresário e antigo presidente da Confederação da Indústria (CIP), duvida da eficácia da medida, mas a verdade é que esse tipo de flexibilidade foi aplicada em empresas como a Autoeuropa no pico da crise, lembram especialistas contactados pelo DN/Dinheiro Vivo.
Os números mais recentes mostram que o problema de países como Portugal não reside no horário. Segundo a OCDE, os empregados a tempo inteiro em Portugal trabalham uma média de 42,3 horas por semana, contra 41,2 horas na Alemanha e 40,2 na Finlândia. Se o filtro utilizado for o dos trabalhadores a tempo parcial, os portugueses trabalham 15 horas por semana, contra 15,6 na Alemanha e 16,7 na Finlândia. Ou seja, em Portugal, se os trabalhadores perdessem horas de trabalho, a contratação poderia acelerar e alguns a tempo parcial poderiam melhorar a sua situação.
O resultado visível é que a Alemanha tem atualmente uma taxa de desemprego de 5,4%, a Finlândia de 8,2% e Portugal de 17,8% (Eurostat). Tanto a Alemanha como a Finlândia têm produtividades por hora trabalhada acima da média, enquanto Portugal se situa 35,6% abaixo da média da União Europeia.
Fonte: OIT