Desde o início da crise, o recurso a trabalhos temporários entre os jovens quase duplicou, adianta a OIT. No ano passado, cerca de 56% dos jovens portugueses trabalhavam com contratos a prazo, contra 20% dos adultos. A redução salarial e o aumento da jornada de trabalho acompanham a precarização das relações laborais.Artigo |17 Agosto, 2012 – 12:43 Foto de Paulete Matos.
Segundo divulga a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no estudo “Global Employment Trends for Youth 2012″, o recurso ao trabalho temporário em Portugal é superior à média europeia, em que 42% dos jovens tem trabalhos temporários, contra 11% dos adultos.
“Na União Europeia constatamos que os trabalhos temporários ou os contratos a prazo são muito comuns entre os mais jovens, mais do que entre a população adulta”, sublinhou Ekkehard Ernst, responsável pela Unidade de Tendências de Emprego da OIT.
No que respeita à taxa de de emprego jovem em “part time”, a mesma registou um aumento de 3,6 pontos percentuais na União Europeia entre o segundo trimestre de 2008 e 2011. “Em muitos países, incluindo Chipre, Dinamarca, Grécia, Hungria, Portugal e Eslovénia, o aumento durante o mesmo período ultrapassou os cinco pontos percentuais”, sublinha a OIT.
Para esta organização, é “preocupante verificar que em todo o mundo muitos jovens são condenados a postos de trabalho temporários, de baixa produtividade, ou a outros tipos de funções que ficam aquém das suas expectativas e que, muitas vezes, não lhes permitem transitar para postos de trabalho mais permanentes, com maior produtividade e melhor remuneração”.
153 mil pessoas recebem ordenados abaixo dos 310 euros
Segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada terça feira, o número de trabalhadores por conta de outrem que ganham menos de 310 euros líquidos por mês aumentou 9,4% num só ano, abrangendo agora quase 153 mil pessoas. Na semana passada, o Diário de Notícias/Dinheiro Vivo noticiava que o salário líquido médio dos portugueses caiu 107 euros em dois anos, situando-se atualmente nos 1020 euros por mês, e que, entre janeiro e junho deste ano, quase 6200 trabalhadores tinham salários em atraso, o correspondente a um aumento homólogo de 16%.
Desde o início de 2011 e até ao segundo trimestre de 2012, o número de pessoas com horários superiores às 8h/dia aumentou 5,9%, atingindo 1,1 milhões de trabalhadores, cerca de 1 em cada 4 pessoas inseridas no mercado de trabalho. Por outro lado, o “part-time involuntário”, correspondente a menos de 10h de trabalho semanais, também registou um acréscimo de 1,7% desde junho de 2011, conforme indicam as estatísticas publicadas pelo INE no início da semana.
Fonte: Correio do Brasil